34. A masturbação é uma armadilha?

Foto di Anja da Pixabay

Primeira armadilha: faz-se uma primeira experiência por diversas razões: curiosidade ou descoberta brutal da sua sexualidade, leituras, televisão, experiências com os colegas, solidão, compensação afetiva… Mas o prazer físico que a acompanha leva muito rapidamente a repeti-la, a multiplicar o ato inicial. O hábito depressa é criado e é isso que é perigoso, pois quanto mais uma pessoa nela se enterra, mais difícil é sair dela. Difícil, mas não impossível. “Toma consciência que és livre face a este problema, tu podes acabar com ele” – palavras de um pai ao filho de 16 anos, que o ajudaram muito. Aliás é preciso distinguir o que pode ser um movimento sexual espontâneo, durante o sono, e a masturbação real que implica um ato consciente e deliberado.

  • Segunda armadilha. Ouve-se com freqüência (é uma intoxicação): masturbar-se é normal, é inofensivo, é até uma experiência útil, boa para o equilíbrio físico e psicológico… Na realidade vive-se exatamente o contrário. Cada vez que utilizo o meu corpo de uma forma que não corresponde à finalidade para a qual ele foi criado, faço algo que não é bom nem para a minha psicologia, nem para a minha alma. Este ato, ainda que dê um prazer imediato, torna triste aquele que o pratica pois fecha-o sobre si próprio e isola-o dos outros. Pouco a pouco, com a ajuda do imaginário, somos apanhados numa espiral e nos descobrimos com sentimento de culpa que torna ainda mais difícil a abertura aos outros e a um amor verdadeiro. Esse sentimento de culpa enfraquece também a vontade fazendo duvidar que haja uma esperança.
  • É por aqui que é preciso começar a desenrolar a espiral: há uma esperança. É possível sair da rotina. O primeiro passo consiste em acreditar que se é dono da sexualidade: nem sempre, sem dúvida, da imaginação, mas sim dos atos. A partir daqui pode começar toda uma reeducação que vai incluir, com a necessidade do perdão (este fortifica a vontade e esperança), atos realizados passo a passo, a vigilância dos olhos e do coração (ver Q 32), uma higiene de vida, doação de si mesmo no serviço dos outros… Reeducação que é um caminho de vida e vai fazer de nós homens e mulheres de pé, purificados e dispostos a amar.
Testemunho

 

Desde a puberdade descobri a masturbação, que se tornou rapidamente um prazer obsessivo e insaciável. Sabia que era moralmente condenável, mas não conseguia resistir mais de três dias seguidos. A minha culpabilidade levava-me a fazer toda a espécie de esforços para me ver livre disto, mas nada resultava. Mesmo o casamento não veio alterar muito as coisas.
Muito mais tarde, depois de ter encontrado o Senhor de forma decisiva, pensei de novo em libertar-me deste vício. Mas de novo os meus esforços foram em vão. Estava em psicoterapia e aí recebia encorajamento para viver a minha sexualidade tal qual ela surgia, sem me preocupar. Mas, no meu coração, era fugir dos outros e de Deus e viver numa espécie de auto-suficiência que não me satisfazia.
Pedi ao Senhor que me ajudasse. Pareceu-me que Deus me respondia dizendo-me que eu não era escravo. Pedi-lhe então que me mostrasse libertando-me durante vários meses. De fato, sem qualquer esforço, fui libertado da masturbação durante seis meses.
Sentia-me muito feliz. Mas o hábito reinstalou-se depois pouco a pouco e eu dei por mim no estado em que estava antes.
Tinha esquecido que aqueles seis meses de libertação tinham sido me dados como sinal, e que a minha fraqueza não era uma escravidão.
Quando me lembrei disto, tomei então consciência que podia libertar-me com a ajuda de Deus. Na altura da tentação seguinte, pus-me em oração e foi um combate… E o Senhor libertou-me. Fazem agora dez anos que dou graças a Deus. Não somente Ele me libertou da masturbação, mas ainda essa libertação me fez avançar na caminhada do Amor.

Charles

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