12. Ter relações sexuais antes do casamento?

Se o Amor físico fosse da ordem da técnica, uma experiência preliminar seria imprescindível. Mas não é nada disso: o sucesso sexual depende em primeiro lugar da qualidade do amor e da relação. É urgente aprender a amar, e não a “fazer amor”. Longe de preparar o amor enquanto dom, as relações sexuais antes do casamento podem pelo contrário ser fonte de feridas para um e para o outro.

  • Com efeito, os carinhos sensuais precipitam a evolução da relação porque criam muito rapidamente uma exigência de vida em comum. É então muito mais difícil pôr em questão a sua escolha e, eventualmente interromper a relação. Acontece também que a vida sexual esconde, no casal, a expressão da ternura e a construção da comunicação: a linguagem dos corpos substitui muito depressa o diálogo em profundidade. Como ainda não há compromisso, pode-se também experimentar um medo de se dar a alguém que não nos acolhe na totalidade ou que não estaria em condições de assumir a vinda de um eventual filho.
  • Por outro lado, não ter relações sexuais antes do casamento fortifica a castidade. A castidade, que manifesta o sentido profundo que tenho da minha dignidade, é igualmente um respeito pelo outro, na sua diferença e no seu direito a ser ele mesmo; é uma renúncia a toda idéia de poder sobre o outro e a aceitação do seu consentimento necessário. A castidade é também transparência, permitindo ao corpo ser sinal não equívoco, mas puro do amor.
  • Ela é, enfim, uma reserva para realizar a totalidade do dom: a mulher dada totalmente ao seu marido é casta. O jovem que se reserva para aquela a quem dará tudo, é casto. A virgindade já não é, de fato, um valor muito cotado. No entanto, é o que muitos quereriam possuir no dia em que fazem a descoberta do “grande amor”, do “amor da sua vida”. A castidade é, verdadeiramente, o entusiasmo de um amor que se quer dar totalmente no respeito profundo do outro. Por isso, ela é, e permanecerá sempre uma virtude moderna.
Testemunho

 

Pauline: Vivíamos juntos há quatro anos, o John e eu, antes de encontrar um colega que nos convidou a uma preparação para casamento na sua paróquia.

John: Ficamos muito admirados por ouvir estes casais que davam tanta importância à oração. Se isso provocava neles um efeito tão grande, só nos restava experimentar também.

Pauline: Claro que não sabíamos como fazer! Uma noite, o John sugeriu que, de mãos dadas rezássemos um Pai Nosso mentalmente. Foi a nossa primeira oração em comum!

John: Mas com o passar do tempo a Pauline sentia que havia qualquer coisa que já não resultava: não podíamos continuar a viver juntos sem termo-nos unido antes diante de Deus e dos homens. Tínhamos a impressão de sermos “passageiros clandestinos”! Tomamos, portanto, a decisão de nos separarmos até o casamento.

Pauline: O John manteve-se no apartamento e eu fui morar com uma amiga. À noite, esperava, ansiosamente o seu telefonema. Por que voltaria ele tão tarde para casa? E se tivesse encontrado alguém?

John: Eu era submetido, em cada um dos nossos encontros, a um verdadeiro interrogatório ao qual reagia cada vez pior.

Pauline: Progressivamente fui-me dando conta que estava sufocada pelo ciúme: incapaz de ser verdadeiramente eu mesma, servia-me do John como de uma muleta que me ajudava a avançar na vida. Pouco a pouco fui ganhando segurança, ajudada pela oração. Uma coisa de que nunca duvidei foi de que o John era mesmo o homem da minha vida, mas desta vez com a ajuda de Deus. O casamento era para mim o começo da vida que eu desejava.

John: Paralelamente, comecei a ver mais claro. Sabia que amava a Pauline, mas não me sentia preparado para casar imediatamente… Sobretudo, reparei que era dependente do amor físico como outros são dependentes da droga. Uma frase ouvida durante a preparação para o casamento tinha-me marcado: “As paixões devem-se converter em desejo e o desejo, por seu turno, converter-se em amor”.

Pauline: Esta separação de quatro meses fez-nos evoluir consideravelmente. Casamos na confiança: Deus comprometeu-se conosco!

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Humanae Vitae (portugues)

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30. E quando não se pode ter filhos, que fazer?